APOSTAS DA MODA MASCULINA PARA 2022 E O NOVO NORTE DAS MARCAS

“O LUXO MODERNO É ABERTO E COLABORATIVO”

Quem afirma é Marie-Claire Daveu, diretora de sustentabilidade da Kering, empresa-mãe das casas de luxo Gucci, grife dirigida por Demna Gvasalia pertence ao conglomerado de luxo Kering, que também detém as etiquetas de moda Balenciaga, Alexander McQueen, Bottega Veneta, Saint Laurent e Brioni, todas sediadas na Europa. Marie-Claire, uma voz potente em toda a indústria da moda, recentemente compartilhou, na COP26 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, sua visão de quais os rumos que a moda precisa tomar em resposta à crise que todos enfrentamos.

“O modelo clássico de fazer, pegar e desperdiçar é inaceitável. Em vez disso, a sustentabilidade deve ser construída no próprio DNA da estratégia de uma empresa. Não é uma restrição para a criatividade – se você a apresentar como tal, matasse o potencial. É uma oportunidade, um convite para ser melhor, agora solicitado por clientes e investidores.”

A moda é uma das indústrias mais poluentes do mundo. Essa pode ser uma verdade incômoda para se confrontar, mas é um fato que deve ser abordado com urgência. Estima-se que 10% das emissões globais de carbono vêm da indústria da moda em geral, enquanto cerca de 48% da cadeia de abastecimento da moda está ligada ao desmatamento. Enormes quantidades de água são consumidas pela indústria anualmente, e os cursos de água do mundo estão poluídos em todos os estágios da cadeia de valor. A verdadeira mudança pode acontecer ao focar em uma abordagem radical para a conservação da biodiversidade e os benefícios múltiplos da agricultura regenerativa, mudanças imediatas e positivas para a natureza e o clima são possíveis – especialmente nas principais cadeias de suprimento de matéria-prima da moda para algodão, lã, caxemira e couro. Isso não só mudará as regras do jogo na moda, mas a agricultura regenerativa é uma virada de jogo fundamental para o futuro.

“Com todos os recursos e privilégios das grandes empresas e conglomerados, temos a responsabilidade de compartilhar as melhores práticas. Devemos apoiar e orientar pequenas empresas. Nossa contabilidade de Lucros e Perdas Ambientais (EP&L) foi projetada com isso em mente, qualquer empresa pode acessar a metodologia para obter novos insights sobre seus negócios.”

Sem dúvida, a sustentabilidade não é mais uma tendência, mas um movimento já estabelecido e que cresce a cada dia. Este deverá ser o novo Norte de toda a cadeia produtiva da moda. O esforço das marcas em comunicar isso ao consumidor é uma questão de comunicação institucional. Muitas marcas aqui e na Europa já estão engajadas nesse conceito. Até 2023, todas as roupas vendidas na União Europeia deverão carregar uma etiqueta sustentável, a fim de ajudar os consumidores a classificar as informações a respeito da origem dos materiais com os quais foram fabricadas. A medida segue uma agenda de mudanças em prol do meio ambiente adotadas pelo bloco econômico. Marcas como H&M, C&A, Inditex, Nike e Lacoste e outras de origem europeia poderão opinar quanto a quais informações serão dispostas.

Veja a seguir as apostas para 2022 das marcas que já seguem este conceito:

A Gucci é uma das marcas de luxo  pioneiras que investiram na redução de carbono “carbon free”, comprometendo-se com projetos de conservação florestal. Em 2020, a coleção cápsula Gucci Off the Grid que faz parte da iniciativa chamada Gucci Circular Lines, projetada pelo diretor criativo Alessandro Michele, que visa o uso de materiais têxteis regenerados, focou em roupas genderless (sem identidade de gênero) e acessórios esportivos feitos de materiais reciclados, orgânicos ou de base biológica!

A Burberry apostou na inovação do quesito upcycling (reutilização criativa) e investiu em roupas e acessórios feitos de náilon reciclado a partir de redes de pesca, retalhos de tecido e bioacetato (itens reinventados do verão de 2020). Todas as peças possuem pelo menos um selo de qualidade sustentável e são produzidas em fábricas que investem em programas de redução de consumo de água e energia. A moda sustável tem sido um ponto importante para a grife, tanto que até disponibilizam o relatório anual de produção para o público e seus consumidores.

Re Burberry sustentável

A Uniqlo, marca que nasceu no Japão, trabalha o conceito de moda essencial e universal. Eles apostam em cores e materiais mais perenes com peças que durem mais de uma estação com cartela de cores para o segmento casual masculino Outono Inverno 2022.

Vitrine da marca Uniqlo em Milão com jaquetas e coletes em tecido fleece, conforto e atemporalidade para o Outono/Inverno 22.

As roupas desta temporada recém digitalizadas do mundo da moda passaram por várias adaptações pós pandemia, mas o conforto e a praticidade com estilo, continuam e se tornaram o foco principal das coleções.

Ermenegildo Zegna / Givenchy

Ternos, mas não como você os conhece – A maioria dos designers renunciou à alfaiataria clássica nesta temporada e muitos decidiram mostrar uma forma mais adequada para a vida confinada. Costumes de duas peças em tecidos confortáveis e que não amassem, assim como a malha, ganham ares modernos e práticos.

Brione / Burberry / Commission

A ascensão do chique day-spa – o diretor criativo da marca Ermenegildo Zegna, Alessandro Sartori dedicou toda a sua coleção à elegância do roupão, exibindo casacos e blazers com corte sem forro, em malhas macias; na Fendi, Silvia Venturini Fendi apresentou casacos recortados em tecido acolchoado; e na Louis Vuitton, Abloh mostrou o que parecia ser roupões de verdade usados ​​na passarela por modelos segurando xícaras de café e jornais da marca LV.

O roupão estiloso de Louis Vuitton.

O retorno do sobretudo – o trench coat volta ao velho estilo básico das gabardines originais usados ​​por oficiais militares. O melhor das trincheiras desta temporada pode ser encontrado na Louis Vuitton, Dries Van Noten e Fendi. Porém, em caso de dúvida, vá com a clássica Burberry.

Trench coat Burberry em três versões e a releitura de Fendi.

Saias Kilt com calça – forte tendência do Inverno 2022. Assim como a Burberry, a Louis Vuitton, Virgil Abloh também ousou, desfilando uma série de modelos vestindo saias com kilt de linha A sobre calças.

O superastro da Fórmula 1, Lewis Hamilton usou um kilt xadrez azul cobalto Burberry no grid enquanto se preparava para o Grande Prêmio da Turquia. Ele usou com calças da mesma grife. No circuito de esporte extremamente machista como a Fórmula 1, é nada menos que muito estiloso e corajoso.

Pólos de malha para viagem Apresentando todos os elementos necessários de uma camisa clássica (golas, carcelas, botões) mas sem o desconforto do amassado, feito tanto em cashmeres mais pesados e tons brilhantes na Jil Sander e Prada quanto em construções mais leves e suaves na Fendi e Hermès.

Há muitas razões para se vestir bem, com conforto e estilo, mesmo em casa que também virou ambiente de trabalho!

Veja esta matéria na revista Onne & Only!

Angélyca La Porta – Consultora de Imagem e Estilo

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